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Pai Nosso: A Perspectiva Polêmica de Karl Dietz
Introdução
Há umas semanas, o Pr. Karl Dietz, em um podcast, afirmou que a oração do Pai nosso não deveria ser usada como oração da Nova Aliança, pois foi dada para os discípulos de Jesus, não para a igreja pós-cruz (Mateus 6:9-13).11 A oração do Pai nosso é uma oração da Antiga Aliança. Como de costume, Karl foi duramente criticado nos comentários do vídeo, sendo chamado de herege, falso pastor etc.
O tema é controverso e gera muitas discussões. Quando o podcast viralizou, alguns teólogos do Instagram se prontificaram para tentar “refutar” Karl. No entanto, em minha opinião, eles fracassaram.
Eu concordo, em tese, com a explicação do Karl — a maioria dos pastores da Graça também concorda com ele. Porém, acredito que podemos preencher a explicação do Karl com mais uns acréscimos.
Dietz e o Pai Nosso: Totalmente Lei?
O Pai nosso não é, explícita e completamente, uma oração da Lei, mas uma oração dada no contexto da Lei — isso é diferente. Jesus adequa a oração ao contexto da Lei, pois podemos identificar pontos da Graça nessa oração: a menção do Pai no início (v.9); a declaração “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” que expressa a manifestação do Reino na terra (v.10); a afirmação “e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (v.13), que subtende o entendimento maduro da Nova Aliança em que Deus não é o causador do mal, mas Aquele que nos livra dele; “porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém” (v.13) a doxologia final (adoração) que exalta Deus — algo presente nas cartas do NT.
Porém, como Karl Dietz destaca, há diversos pontos da oração do Pai nosso que são conflitantes com a Nova Aliança. Embora eu concorde com a visão do pastor Dietz sobre o Pai nosso, sempre gosto de destacar que os Evangelhos são um período de transição entre a velha e a nova aliança. Logo, existem ensinamentos de Lei, mas também encontramos proclamações da Graça.
Críticos envolta da polêmica opinião Dietz sobre o Pai Nosso
Como havia destacado, muitos se opuseram às opiniões de Karl, chegando ao ponto extremo de chamá-lo de herege. Outros, no Instagram e Youtube, questionaram suas afirmações com alguns argumentos.
Um deles, Matheus Correa, fez uma sequência de reels no Instagram, argumentando contra as falas do Dietz. Matheus argumenta que o sermão do monte, onde encontramos a oração do Pai nosso, não é uma exposição da Lei, mas a proclamação de “princípios de vida” ou de “princípios da Nova Aliança”.2
Obs.: segundo alguns amigos que me informaram, Matheus Correia é um irmão da Graça. Porém, tem alguns posicionamentos que se distanciam de nós. Com esse texto, meu intuito não é atacá-lo ou confrontá-lo, mas manifestar o posicionamento da Graça diante de suas críticas.
Segundo ele, Jesus está ensinando os Seus discípulos o “estilo de vida da Nova Aliança”, que devemos seguir e praticar.
Embora pareça uma posição nova, na verdade, é antiga. Muitos cristãos acreditam que o sermão do monte são “os mandamentos da Graça”, “Leis da Graça”. É a velha mistura de Lei e Graça. É uma forma sorrateira de introduzir Lei na Graça.
Primeiro, no sermão do monte, que serve como contexto da oração do Pai nosso, temos dois textos centrais — que resumem as exigências do sermão: Mateus 5:20 e Mateus 5:48. Curiosamente, Matheus não lida com nenhum deles em sua crítica a Karl. Ambos os textos exterminam qualquer posição de que o sermão é destinado a estabelecer princípios da Nova Aliança. Em Mateus 5:20, Jesus exige uma justiça superior aos fariseus para entrar no Reino, algo
muito difícil de enquadrar em “princípios da Nova Aliança”, e no verso 48 Jesus exige perfeição como o Pai celestial, que se encaixa perfeitamente com a exigência total da Lei (Ver Tiago 2:10).
Além disso, já que o sermão do monte é colocado, pela maioria dos cristãos, como o “lócus da ética cristã”, não é estranho que Paulo deixe de fazer qualquer citação dele em suas cartas? Paulo não cita, direta ou indiretamente, nenhuma das afirmações do sermão em suas principais declarações éticas (Romanos 12-14; 1 Coríntios 13; Gálatas 5-6; Efésios 4-6; Filipenses 2:5-11; etc.).
Por último, basta apenas uma lida no sermão do monte — sem influências hermenêuticas externas — para perceber a rigidez e exigência dada por Cristo, algo muito distante de “princípios”. Jesus diz que o mero desejo por uma mulher se constitui adultério (Mateus 5:28), sendo melhor arrancar a mão ou o olho que o faz pecar do que ser condenado (v. 29-30), além disso, Jesus afirma que aquele que chamar alguém de louco estará em risco de ir para o inferno (v.22). Esses são os princípios da Nova Aliança? Jesus, nessas curtas e objetivas palavras, está nos dando uma lista de deveres daqueles que já foram salvos somente pela Graça, ou descrevendo comportamentos que a Lei exige para a salvação?
Se Ele condiciona o escape do inferno à obediência desses preceitos, creio que já temos a resposta para essa questão. Jesus não está dando princípios aqui, mas quebrando qualquer senso de justiça própria. Os ouvintes do sermão provavelmente ficaram em total silêncio, apavorados diante do horror da exigência. Todos nós ficamos calados diante dela. Algo que remete a Romanos 3:19, onde lemos que na Lei, “toda boca se cala”. Não há “mas”, não há exceções, não existem alternativas de escape. A Lei quebra todos os argumentos de justiça própria, pois somente assim estaremos receptivos a Graça divina.
A interpretação de Mateus 6:14-15
A opinião de Matheus, embora sustentada por uma gama de cristãos, não é sustentável quando comparada com as fortes palavras ditas por Jesus nesse sermão. Por exemplo, em Mateus 6:14-15 Jesus condiciona o perdão de pecados ao ato de perdoar. A conclusão obvia do texto é que os pecados só são perdoados quando perdoamos os nossos devedores.
Ao ser confrontado com esse texto, a respeito do perdão condicional, Matheus respondeu o seguinte:
“… é possível receber perdão divino por nossos delitos e pecados e ainda assim reter perdão? Como eu disse, Jesus está apresentando o ESTILO DE VIDA da Nova Aliança. Assim como recebemos perdão, perdoamos o próximo.”
Em outras palavras, para ele, Mateus 6:14-15 não está trazendo um perdão condicional ao nosso perdão. Para ele, Jesus está fornecendo o “estilo de vida da nova aliança”. Será? Veja novamente o texto:
“Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas.” (Mateus 6:14,15)
Agora, imagine que você seja um judeu ou discípulo de Jesus, sentado próximo ao mestre. Você escuta essas palavras de Jesus. Lembre-se que você não conhece o perdão completo dado por Deus por meio do sangue de seu Filho. Você não sabe nada a respeito de uma Nova Aliança ou ao menos sobre a nossa capacidade de perdoar. O que você concluiria das palavras de Jesus? Por acaso você pensaria, “entendi! Já que fui perdoado, eu perdoo!”?
Seja sincero, sua conclusão seria aquela que o próprio texto pressupõe: eu perdoo para ser perdoado; Se não perdoo, não sou perdoado. É simplesmente isso que Jesus está dizendo. Não precisamos de rodeios. É uma interpretação normal na leitura do texto.
Porém, a interpretação de Matheus, de certa forma, faz sentido e, na verdade, evidencia a nossa visão. Por quê? Porque Matheus só conseguiu ter tal interpretação depois da cruz, não antes. Ele jamais concluiria isso sentado aos pés de Jesus e ouvindo tal mensagem. Ele só pode concluir o que conclui após entender as realidades da Nova Aliança.
Em outras palavras, a sua própria tentativa pressupõe que o Pai nosso precisa ser lido com as lentes da obra de Cristo, pois, sem ela, cairemos em Lei, não em Graça. Matheus só consegue ter essa conclusão porque já está na Nova Aliança — que a princípio começa na cruz e não no sermão do monte. Se ele estivesse lá, jamais teria tal interpretação.
Em outras palavras, embora a posição do pastor Karl Dietz, sobre a oração do Pai nosso, seja polêmica no meio cristão, é uma posição que expressa verdades do Evangelho.
É verdade querido! Quanto é importante sermos libertos da lei, pois fica tudo mais leve, mais fácil.
Eu recebi uma revelação que com jesus tudo fica mais fácil.
Só entendi isso depois de receber a graça, entender que não é o que faço, mas quem eu sou (filha) tudo mudou na minha vida.
Quando tenho uma fraqueza deixo Cristo manifestar, me conduzir.
Com a graça tudo fica mais fácil!