Liderança Feminina na Igreja — É Bíblico?

A questão da submissão da mulher e liderança pastoral feminina, desperta muitas discussões e diferentes interpretações na sociedade e dentro das igrejas.

Nos dois primeiros textos desta série, eu tratei da criação da mulher em Gênesis, e de versículos que tratam da submissão feminina no casamento (Efésios 5:22 e 1 Pedro 3:1).

Neste terceiro texto, quero abordar um assunto que tem sido tema de debate e interpretações divergentes ao longo dos tempos. A questão do papel das mulheres na igreja como líderes e pastoras — a liderança feminina.

Igualdade

Em Gálatas 3:28, Paulo afirma: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” Essa declaração enfatiza a igualdade de valor e importância de homens e mulheres diante de Deus. Portanto, qualquer interpretação que desvalorize ou oprima a mulher deve ser reconsiderada à luz dessa verdade.

Homens e mulheres têm igual valor, natureza e importância.

Jesus é o exemplo

Quando observamos a vida e o ministério de Jesus, vemos exemplos que desafiam a ideia de submissão das mulheres, pois Jesus frequentemente valorizava e honrava as mulheres, reconhecendo sua dignidade e dando voz e lugar de destaque a elas. Ele se relacionava de forma igualitária com as mulheres, ensinando e permitindo que elas fizessem parte de seus seguidores. Jesus quebrou tradições culturais que oprimiam as mulheres, mostrando que no Reino de Deus todos têm igual acesso e oportunidades.

Devemos lembrar sempre da igualdade de valor e importância de homens e mulheres diante de Deus, baseados no exemplo de Jesus, porque Ele valorizou e honrou a todos, independentemente de seu gênero.

Mulheres na Igreja e a Liderança Feminina

A liderança pastoral feminina é um assunto muito debatido entre os cristãos, causando divisões e grande polêmica entre as lideranças denominacionais. São poucas as igrejas e denominações que entendem o valor do ministério pastoral feminino, por isso, queremos tratar desse assunto, o qual é tão importante.

Para muitos, as mulheres não deveriam exercer liderança sobre os homens, porque compreendem que o padrão da criação segue como padrão para liderança. Como se Deus tivesse criado uma hierarquia no processo de criação. (já quebramos esse argumento no primeiro texto dessa série)

Esses, utilizam versículos da carta de Paulo a Timóteo, na tentativa de legitimar uma doutrina de que mulheres não podem assumir papel de liderança nas igrejas.

1 Timóteo 2:12

Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.

1 Timóteo 2:12

Mas, como já sabemos, é importante analisar o contexto em que um determinado versículo se encontra, para então compreendermos o seu real significado.

(Por incrível que possa parecer, 1 Timóteo 2:12 é o único versículo na bíblia que restringe uma mulher de ensinar, e é fortemente utilizado desde os tempos antigos como uma espécie de doutrina nas igrejas)

Para entendermos o que o apóstolo Paulo estava querendo dizer em 1 Timóteo 2:12, vamos analisar os versículos 8-12.

8 Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.
9 Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos,
10 Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.
11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.

Vemos que em 1 Timóteo 2:8-12, Paulo está corrigindo o comportamento problemático de alguns membros da igreja de Éfeso: homens irados e briguentos no versículo 8, mulheres ricas com roupas exageradas nos versículos 9-10, e uma mulher que precisava aprender silenciosamente (no versículo 11) e não ensinar, e não dominar um homem.

Em 1 Timóteo 2:8-12, Paulo não está se referindo a um ensinamento geral do ministério, mas sim a pessoas específicas e problemas específicos na igreja de Éfeso.

Em 1 Coríntios 14:34, Paulo diz que “as mulheres devem ficar caladas nas igrejas”, mas analisando o contexto maior, assim como fizemos em 1 Timóteo, podemos perceber, igualmente, que o apóstolo Paulo silencia três grupos indisciplinados em Corinto, não apenas as mulheres.

Paulo proibiu o ensino impróprio (1 Timóteo) e silenciou a fala indisciplinada (1 Cor. 14:26-40) tanto de homens como de mulheres. Ele nunca silenciou ou reprimiu o ministério de ninguém, pelo contrário, ele encorajou as pessoas e não especificava o gênero.

Liderança feminina à luz do Evangelho da Graça

A Bíblia nos apresenta exemplos de mulheres que exerceram papéis de liderança e influência.

Um desses exemplos é Débora, que foi uma juíza em Israel. Em Juízes 4:4, ela é descrita como profetisa, líder e conselheira. Débora exerceu um papel significativo na vida do povo de Israel, trazendo orientação e direção através da sabedoria e da voz de Deus. Esse exemplo nos mostra que Deus pode chamar e capacitar as mulheres para liderar e ministrar em sua igreja.

Miriã, filha de Joquebede e Aurão, irmã de Moisés e Arão, é mostrada como uma pessoa muito sábia no episódio do salvamento do bebê Moisés no rio. Em Êxodo 15:20-21, liderou todas as mulheres israelitas na celebração da grande vitória concedida por Deus ao povo. Em Miquéias 6:4 ela é citada como líder da nação de Israel com Moisés e Arão.

Atos 18:26 comenta sobre o ensino ou esclarecimento da palavra de Deus para Apolo através de Priscila e Áquila. 1 Coríntios 16:19 também mostra que Priscila e Áquila eram líderes da igreja que se reunia na casa deles. O nome de Priscila foi citado 6 vezes na bíblia, e ela foi descrita como uma mulher sábia, forte e de extrema importância para a propagação do Evangelho.

Essas passagens indicam claramente que as mulheres desempenhavam papéis importantes e influentes na comunidade cristã, sendo reconhecidas e valorizadas por sua contribuição.

O Evangelho da Graça nos ensina que, em Cristo, não há distinção de gênero para a salvação nem para servir. Não esqueçamos de Gálatas 3:28: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” Essa passagem enfatiza a igualdade de todos os cristãos diante de Deus, independentemente de seu gênero. Portanto, qualquer interpretação que limite o serviço ministerial das mulheres vai contra a mensagem de igualdade e inclusão do Evangelho.

O Evangelho nos encoraja a reconhecer e valorizar as mulheres para o serviço na igreja. O Evangelho apoia a liderança feminina.

Em conclusão, o Evangelho da Graça nos ensina que homens e mulheres são igualmente amados e chamados por Deus para o serviço na igreja. Devemos valorizar e encorajar o potencial das mulheres como líderes e pastoras, reconhecendo seus dons, talentos e chamados para edificação e crescimento. Que possamos abraçar uma visão inclusiva e equilibrada, capacitando e apoiando todas as pessoas, independentemente de seu gênero, a desempenharem seus papéis no Reino de Deus.

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Jessica Steffen
Jessica Steffen

Tenho 28 anos e sou mãe de duas crianças maravilhosas. Atualmente sou membro da Igreja Comunidade palavra da Graça (RS). Sou escritora do Livro "A Obra da Salvação". Amo proclamar as verdades do Evangelho da Graça ao lado do meu noivo Eliezer Oliveira.

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