Orar no Monte é Melhor do que Orar em Casa?

Orar no monte – Misticismo

Existe muito misticismo no meio pentecostal a respeito de “orar no monte”. Lembro de ouvir várias histórias sobre isso. Pastores e pregadores relataram que viram “folhas pegando fogo”, espíritos passeando nos montes, coisas estranhas e etc. Tudo é muito místico.

Na verdade, existe um tom bem espiritualista nisso. Os pastores que vão “regularmente” são bem requisitados, são bem avaliados, são “homens poderosos”, “cheios da unção”. Eu mesmo, nunca fui ao monte – sou um crente gelado, para eles.

Essa ida ao monte está fundamentada na ideia de que a oração do monte é mais poderosa, ou mais espiritual do que orar em outros lugares (um lugar mais plano). É como se estivéssemos “mais pertos de Deus”. É igual a oração na madrugada – é um momento “espiritual” para orar porque a “fila é menor” ou porque é a hora “onde os portões do inferno se abrem” (às 3:00). E os irmãos do Japão? Os demônios lá estão batendo o cartão às 3:00 no horário do Brasil? Eu vou parar por aqui…

Lembro que esses dias um irmão comentou no Youtube do VT, que deixou a “hiper graça“, depois de receber uma revelação, orando e jejuando “no monte”. É isso mesmo que você leu…

Esses irmãos parecem ter a síndrome de Babel, querem “subir no monte” para chegar mais perto de Deus (Gênesis 11:9). É tolo, é ridículo, é bobo. Da mesma forma, constroem toda uma narrativa de super espiritualidade para aqueles que advogam uma vida monástica nos montes da cidade local. Cheira a orgulho, e fede a justiça própria.

De onde saiu essas superstições evangélicas? Não de uma interpretação fiel e de uma análise sincera das Escrituras. Nasce das emoções, das sensações humanas. É o produto da parte emotiva do homem que, no anseio de sentir algo, produz uma visão espiritual que está realmente longe do verdadeiro conceito de espiritualidade.

Por que Jesus orou no monte?

“Ah mas Jesus orou no monte?”

Realmente, ele orou. Mas por quê? Você saberia me responder?

Jesus não orou no monte para ver folhinhas pegando fogo, e nem ao menos para receber mais “unção espiritual”. Não havia qualquer aspecto místico no monte. O motivo era óbvio: por causa da concentração. Em Mateus 14:23 lemos que:

“Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho.”

Durante todo o dia, os discípulos, a multidão e as demais pessoas comprimiam Jesus. Estavam em seu calcanhar o tempo todo, grudados nele. Era difícil respirar e ter um tempo de silêncio, de reflexão com o Pai. Por isso, Jesus sempre se ausentou durante algumas noites para ter um tempo a sós com o Pai – eliminando as demais distrações.

Outras passagens comprovam essa verdade:

“Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus.” (Lucas 6:12)

“Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar.” (Marcos 6:46)

A questão aqui, novamente, é tranquilidade. Jesus sempre optou pela tranquilidade e pelo foco, eliminando distrações. Não é que Deus estava mais próximo no monte, mas que por ser um lugar mais calmo e tranquilo, ao orar no monte, Jesus estava mais focado no Pai, para falar e ouvir dEle.

Por esse motivo, ao tratar da oração, Jesus disse: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará.” (Mateus 6:6) Aqui, um dos pontos da oração é a tranquilidade, o foco, longe de qualquer distração.

Assim, não existe qualquer papel mítico no monte, não existe nenhum papel na espiritualidade cristã. Os apóstolos nunca indicaram uma oração no monte, nunca exortaram a Igreja a fazer tal coisa.

Não me entenda mal. Se você quer orar no monte, se quer um monte “longe de tudo”, então faça. Porém, não pense que esse lugar, ou que a sua oração no local, seja mais espiritual ou poderosa do que as demais.

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Eliezer Oliveira
Eliezer Oliveira

Tenho 25 anos e sou diretor do Blog Vida Trocada, autor dos livros E Ele nos tornou Santos, Nada Além do Sangue (Livro Publicado) e Hiper Graça: O Que Realmente Defendemos (Livro Publicado). Também sou coautor do livro Interpretando a Escritura. Sou professor do curso Universidade da Graça, Vida na Graça e Teologia com Graça, e também atuo como Escritor Fantasma para alguns ministérios. Atualmente estou cursando Teologia (ESTÁCIO), sou casado com uma escritora maravilhosa, amante da leitura e de um bom café.

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