Teologia do Coaching? Conheça a filha do legalismo

Nesses últimos anos, o termo “coaching” alavancou as pesquisas no Google e com ele, todas as polêmicas envolvendo o termo. O coaching é algo ainda novo e primário no nosso meio social. Mas do que se trata? É preciso entender o que definitivamente é o “coaching” para compreendermos o que é a Teologia coaching.

Segundo o Internacional Coaching Community, coaching é:

  • Para ajudar uma pessoa a mudar a maneira que deseja e ajudá-la a ir na direção que deseja ir.
  • O coaching ajuda uma pessoa em todos os níveis a se tornar quem ela quer ser.
  • O coaching cria consciência, capacita a escolha e leva à mudança.

Ele libera o potencial de uma pessoa para maximizar seu desempenho. O coaching os ajuda a aprender, em vez de ensiná-los.

Perceba que no coaching o foco central é o desenvolvimento pessoal através do próprio homem. Quem é o centro das atividades e capacitações pessoais no processo coaching? O homem. É difícil abrir aqui uma série de críticas contra o coaching de modo isolado, isso porque trabalhar o desenvolvimento pessoal não é um problema ou um pecado a ser solucionado. A questão está mais ligada a fonte desse desenvolvimento e capacitação – ou seja, o meio.

Diversos pregadores e pastores estão sendo acusados de defender uma Teologia do Coaching. Algumas pessoas tem dado uma lista de nomes de pregadores e pastores que pregam a Teologia do Coaching. Deive Leonardo, Victor Azevedo, Thiago Brunett, Silas Malafaia e entre outros são citados como os principais pregadores da teologia coaching.

Preciso fazer um certo questionamento: Os que criaram o rótulo de “Teologia coaching” estão seguros de que suas “teologias” não possuem nenhum resquício coaching?

O coaching coloca o homem como o gerador do seu próprio desenvolvimento, a causa primária e única do seu próprio destino. Trazendo essa conceituação para a teologia, existe perspectivas que se assemelham ao coaching?  Sim, diversas.  Costumo chamar essas perspectivas de legalismos.

“…se diminuímos a suficiência de jesus, passamos a crer em salvação por obras e colocamos esforço humano no crescimento cristão, e assim, nos tornamos legalistas. Portanto, o legalismo não é apenas uma visão deficiente da salvação, mas uma distorção completa da suficiência de Jesus” (Nada Além do Sangue Capítulo 2 – Religiosidade: Uma tentativa de preencher o vazio)

O legalismo defende que o homem, através dos seus próprios esforços e obras, é o gerador e criador de sua própria identidade, salvação e plenitude. Ou seja,  para ser santo, justo, salvo e possuir as qualidades e virtudes espirituais, o homem precisa construir tudo a partir de si mesmo. Não te lembra algo? O coaching.

Ironicamente,  os mesmos que usam o termo “teologia coaching ” para criticar certos pregadores, defendem que nossa justificação e santificação dependem das nossas próprias ações e obras. São os mesmos que colocam o homem como o gerador do desenvolvimento cristão – das qualidades espirituais. Dessa forma, eles se posicionam como verdadeiros proponentes da teologia coaching. A teologia coaching é filha do legalismo.

Não estou dizendo que de todos os nomes citados, nenhum defenda uma espécie dessa teologia. Alguns como Deive Leonardo e Thiago Brunnet parecem pairar em uma forma de teologia do coaching quando colocam o foco nas atividades humanas e não declaram as verdades da Graça. No entanto, esse julgamento é dado a cada ouvinte e leitor em particular. É necessário, no entanto, fazer um certo questionamento: O que é oposto a teologia coaching? O Evangelho da Graça.

Se o pregador coach coloca toda a nossa atenção em nós mesmos – através daquilo que fazemos – o oposto disso é centralizar Cristo. Eu diria que o termo “teologia coaching” é, em si mesmo, contraditório. Teologia é o estudo a respeito de Deus, e o coaching é um processo de preparação humana. Perceba, se a teologia é o estudo sobre Deus, a busca por compreendê-lo, qual é a forma, o meio de conhecê-lo, de estudá-lo? Não é uma religião, livros, pessoas ou mesmo a própria Bíblia. Na verdade, as Escrituras apontam para aquele que é a expressão exata do Ser de Deus – o meio perfeito de conhecê-lo:

Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser. (Hebreus 1:3)

O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. (Colossenses 1:15)

Cristo é a forma do Deus indescritível. Ele demonstra e explica Deus da forma mais clara. A teologia coaching, ao colocar o homem como o realizador de sua própria identidade e plenitude, o coloca no centro do Evangelho. Como vimos, todas as espécies de legalismo fazem isso. O oposto disso é centralizar Cristo, é possuir uma pregação cristocêntrica. Quando enfatizamos que Cristo é a nossa santidade (1 Co 1:30), salvação e plenitude (Cl 2:9-10), estamos indo contra todas as correntes e vertentes legalistas e afirmando a verdade do Evangelho de que Cristo é suficiente.

A teologia coaching é perigosa porque o legalismo é perigoso. No entanto, é necessário afirmar que essa teologia é extremamente defendida nos círculos cristãos, está apenas vestida com um formalismo e clericalismo mais robusto, é conhecida como pregação da santidade e piedade. O oposto de todos esses legalismos é o Evangelho que proclama a suficiência de Cristo.

Eliezer Oliveira
Eliezer Oliveira

Tenho 25 anos e sou diretor do Blog Vida Trocada, autor dos livros E Ele nos tornou Santos, Nada Além do Sangue (Livro Publicado) e Hiper Graça: O Que Realmente Defendemos (Livro Publicado). Também sou coautor do livro Interpretando a Escritura. Sou professor do curso Universidade da Graça, Vida na Graça e Teologia com Graça, e também atuo como Escritor Fantasma para alguns ministérios. Atualmente estou cursando Teologia (ESTÁCIO), sou casado com uma escritora maravilhosa, amante da leitura e de um bom café.

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