O paradoxo da Graça

Muitos costumam conceituar graça como o aspecto benevolente do caráter de Deus. Outros sugerem que a graça é uma ação de Deus motivada pelo seu amor. A grande parte da Igreja definiu graça como “presente” e deixou esse presente jogado na estante da sala. Todas essas definições são incorretas e imprecisas por um único motivo: retiram da graça o seu caráter pessoal.

Definir graça somente como um “presente”, é defini-la como algo estático. O “favor imerecido de Deus” ainda sofre a mesma tendência, ainda que menos abstrata.
A conceituação de graça como um elemento, poder capacitador ou uma coisa, é uma tentativa de desfazer o caráter pessoal da Graça. (Nada Além do Sangue – Capítulo 3)

Graça, como destaca Karl Barth, é a essência de Deus, ou seja,  não é um presente, é o próprio Presenteador, é o próprio Doador. Esse é um grande paradoxo da graça: É o Doador fazendo a si mesmo a doação, na Cruz. Nós não recebemos uma parte do caráter de Deus, recebemos o Cristo Vivo.

A Graça é extremamente paradoxal, incompreensível e indescritível. Esse paradoxo é a forma com que ela realiza e opera tudo o que é oposto a nossa imaginação. A graça é uma grande surpresa, um paradoxo perfeito. Esse paradoxo pode ser visto das seguintes formas:

  • A graça não exige nada, mas é a entrega máxima de Deus. (João 3:16)
  • Na Graça, não há exigência de nada, mas aqueles que recebem se tornam tão  completos que doam tudo. (Romanos 5:17)
  • A graça não é a lei, mas nos ensina a viver corretamente. (Tito 2:11-12)
  • A graça anuncia que todo pecado está perdoado e que somos amados independente das nossas ações.  No entanto, aqueles que a recebem não desejam viver de forma libertina, mas decidem viver em gratidão. (Romanos 6:14)
  • A graça é o Presenteador fazendo a si mesmo de presente, na Cruz. (Hebreus 9:28)
  •  A graça não traz condenação ou culpa sobre aqueles que merecem todas as consequências do pecado. (Romanos 8:1)

Todos os aspectos indecifráveis da graça, todo o seu caráter de abundância, todos os adjetivos que as Escrituras usam para descrevê-la, demonstram que ela é mais do que um mero componente do ser de Deus. A imensidão da graça é a imensidão de Deus. A Graça é um paradoxo porque Deus é um paradoxo. Quando Deus nos dá graça, está dando a si mesmo.

Eliezer Oliveira
Eliezer Oliveira

Tenho 25 anos e sou diretor do Blog Vida Trocada, autor dos livros E Ele nos tornou Santos, Nada Além do Sangue (Livro Publicado) e Hiper Graça: O Que Realmente Defendemos (Livro Publicado). Também sou coautor do livro Interpretando a Escritura. Sou professor do curso Universidade da Graça, Vida na Graça e Teologia com Graça, e também atuo como Escritor Fantasma para alguns ministérios. Atualmente estou cursando Teologia (ESTÁCIO), sou casado com uma escritora maravilhosa, amante da leitura e de um bom café.

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