Prosperidade Bíblica Segundo o Evangelho da Graça

Introdução à Prosperidade Bíblica


Por Daniel Moreira

Antes de falar sobre a prosperidade bíblica, queria dizer que a nossa base de fé é a Bíblia. Isso pode ser meio óbvio, eu sei, mas é importante estabelecer isso porque muitos professores, ao falarem contra a prosperidade, utilizam as suas próprias ideias em relação ao tema. O que soa contraditório é que os mesmos dizem: “A bíblia é a palavra de Deus”. Ora, se ela é a palavra e ela repreende, corrige e instruí (2 Timóteo 3:16), vamos deixar ela mesma falar sobre o assunto.

“Ah, mas você deve ser um desses pastores gananciosos que acreditam no evangelho da prosperidade”

Não, não sou.

Muitos usam dessa crítica para atacar o Evangelho da Graça, mas é uma crítica infundada, que não tem nenhuma base.

Estabelecendo isso, vamos ao texto.

Definindo a verdadeira prosperidade

Segundo o Wikipedia, prosperidade é: Prosperidade refere-se à qualidade ou estado de próspero, que, por sua vez, significa ditoso, feliz, venturoso, bem-sucedido, afortunado.

Na Bíblia, a palavra que mais se assemelha à prosperidade é a palavra shalom. Que no Strong significa:

• Completo, saúde, bem-estar, paz

a. Totalidade (em número)
b. Segurança, saúde (no corpo)
c. Bem-estar, saúde, prosperidade
d. Paz, sossego, tranquilidade, contentamento

Vemos, então, que a prosperidade bíblica não é só relacionada ao financeiro, mas a algo que se refere à completude em nossas vidas, uma vida completa, abençoada, alegre, feliz, uma vida literalmente que vale a pena ser vivida. Completude, paz, benção, te lembram quem? Deus. Deus é completo, Deus é a própria benção, Deus é a alegria e a paz. Por isso, a miséria, pobreza, doenças, depressão, tristeza, ansiedade não tem nada a ver com Deus. Por que sabemos disso? Jesus é a imagem de Deus (Hebreus 1:3), ou seja, quando vemos Jesus, vemos quem de fato Deus é, pois, Ele veio revelar o que antes era obscurecido (João 1:18). Agora vamos ver o que Jesus fez quando topou de frente com a escassez.

  • Multiplicou 5 pães e 2 peixinhos para uma multidão de mais de 5 mil homens, sem contar as mulheres (Mateus 14:21). Ele fez isso, pois teve compaixão deles (Mateus 14:14). Vemos aqui um Jesus que se importa se nós estamos nos alimentando
  • A primeira pesca maravilhosa: Simão havia se esforçado a noite inteira tentando pegar peixes, esse era o trabalho dele (Mateus 4:18). Por alguma causa, Pedro precisava urgentemente desses peixes, não sabemos o porquê, pois a bíblia não esclarece, mas é claramente percebido ser uma causa financeira. O que levaria um homem a pescar a noite inteira, sendo que o normal é durante o dia? E Simão, confiando na palavra de Jesus, pescou aquilo que a bíblia chama de “grande quantidade de peixes”, tal que rompia as redes (Lucas 5:6). Observamos que Jesus, sim, se preocupa com o nosso trabalho e se estamos tendo êxito nele.

Esses são claros exemplos de prosperidade biblica baseada em Cristo.


Antes da Queda

Por Eliezer Oliveira

Na criação do mundo, percebemos um aspecto recorrente no pensamento e perspectiva de Deus:

  • “E Deus viu que isto era bom” – se referindo à criação da luz, firmamento e terra seca (Gênesis 1:1-10).
  • “E Deus viu que isso era bom” – se referindo à relva, erva, árvores, etc. (v.11-12)
  • “E Deus viu que isto era bom” – criação das estrelas, sol e luz (v.14-18)
  • “E Deus viu que isso era bom” – se tratando das criaturas da água e do céu (v.20-21)
  • “E Deus viu que era bom” – se referindo à criação dos animais terrestres (v.24-25)

Em toda a sua criação, a perspectiva de Deus é “isso é meu, e isso é bom”. Depois de todas essas etapas, o Senhor cria o homem “à sua imagem e semelhança” (v.26), e nessa criação lemos Deus dizendo ao homem:

E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, servosá para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto. (Gênesis 1:28-31)

A criação do homem, por Deus, recebe o imperativo “seja frutífero, multiplique-se, domine a terra e tudo o que existe”. Portanto, o desejo de Deus para com o homem era o seu crescimento, o seu domínio total e o seu avanço.

Tais imperativos demonstram que o desejo de Deus para com o homem era fazê-lo desfrutar de tudo o que Deus disse ser “bom!”

Aqui, vemos uma nítida evidência da prosperidade dada por Deus a Adão. Como Daniel destacou, a prosperidade diz respeito à totalidade, à segurança, bem-estar, paz, saúde, provisão completa. Se trata de todas as suas necessidades supridas.

Deus providencia prosperidade completa a Adão: a) Inúmeros alimentos, espalhados nos diferentes tipos, espécies e gostos – a única proibição era a árvore do conhecimento do bem e do mal, e isso revela a extensão do que poderia ser comido; b) Domínio sobre todos os animais criados, tanto os do céu, quanto da terra e do mar; c) Segurança e paz, pois não há perigos contra o homem; d) Uma companheira, carne de sua carne, para lhe dar amor e fornecer relacionamento; e) O comando especifico para crescer, se multiplicar e avançar com a mulher, tanto em frutos (filhos) quanto em domínio sobre o que fora criado.

Não havia faltas ou necessidades. Uma criação plena. O homem e a mulher viviam a plenitude em todos os sentidos. Essa é a verdadeira prosperidade bíblica.

A queda

É interessante notar que existe uma interconexão entre o homem, a natureza e os seres viventes. Na perspectiva hebraica, toda a existência está organicamente conectada, a tal ponto que afetar um lado é afetar o todo. Isso reflete em vários aspectos da queda. Quando o homem pecou, não foi apenas seu espírito que foi afetado – morrendo e se separando de Deus (Veja Efésios 2:1; Romanos 5:12). Toda a criação e existência caiu com ele.

Deus criou o homem como um governante-representante, com autoridade e domínio sobre tudo. A criação e os seres viventes estavam sob seu cuidado e domínio.

O bem-estar dos animais e da terra dependia do estado espiritual dos humanos que foram encarregados de cuidar da Terra (Gênesis 1:26-28). A centralidade dessa interligação orgânica pode ser vista no fato de que a primeira consequência negativa da queda mencionada na narrativa de Gênesis foi que ela afetou negativamente o relacionamento entre os humanos e a natureza (Gênesis 3:14-19).

Reiterando o mesmo ponto, no próximo capítulo, descobrimos que, como resultado da ação de Caim, a terra por onde o sangue de Abel clama é amaldiçoada e “Caim não é mais capaz de receber dela a produtividade que originalmente tinham” (Gênesis 4:11-12). E ao longo do AT descobrimos, de várias maneiras diferentes, que, quando os governantes da terra, comissionados por Deus, se afastam dEle com os seus pecados, os animais e a terra sofrem como resultado. (por exemplo, Jeremias 4:24–25, 9:9–10, 23:10; Isaías 24; Joel 1:8–10). Gênesis 19 especifica que a maldade de Sodoma e Gomorra, que levou ao seu julgamento, acabou destruindo não apenas todos os “povos das cidades”, mas também “a vegetação da terra” (v.25).

Da mesma forma, uma das razões pelas quais o povo de Israel foi chamado a orar para que seu rei governasse com justiça era para que a terra pudesse ser frutífera (por exemplo, Salmo 72). Essa interligação fundamental e orgânica é ilustrada em Oséias quando ele declara que, por causa do pecado de Israel, a terra seca e todos os que nela vivem definham; as feras do campo, os pássaros do céu e os peixes do mar serão mortos. (Oséias 4:3)

Essa interconexão não é somente externa (entre o homem e o mundo), mas interna (entre o homem e si mesmo). Criado como espírito, alma e corpo (Veja 1 Tessalonicenses 5:23), o homem foi afetado como um todo pelo pecado. Seu espírito se afastou de Deus, sua alma se corrompeu (na mente, emoções e vontades) e seu corpo poderia agora definhar até a morte.

O pecado afetou todas as dimensões da criação existente que, até então, era boa aos olhos de Deus. O homem perdeu tudo que tinha, toda a plenitude da criação.

A obra de Cristo e sua relação com a prosperidade bíblica

O primeiro Adão, chamado por Deus para governar a terra, caiu e levou toda a existência consigo. Porém, Cristo vem como o segundo Adão (1 Coríntios 15:45-47), para restaurar o que foi perdido.

A obra de Adão mergulhou o homem em todos os estados destrutivos do pecado. Todas as dimensões da existência criada foram afetadas por esse ato. O pecado afetou as dimensões físicas e espirituais – pois não existe uma separação entre ambas. Seria infantil de nossa parte sugerir que a obra de Cristo vem restaurar apenas um dos lados dessa união.

Se o primeiro Adão, com o seu pecado, submeteu toda a criação à destruição e à degeneração, Cristo levanta toda a criação ao seu estado de “bom e agradável”.

Assim como o pecado de Adão trouxe pecados e doenças, a obra de Cristo traz perdão e cura (Isaías 53:4-5; compare com Mateus 8:17 e 2 Pedro 2:24). Essa ligação holística entre perdão e cura se reflete em toda a Escritura (Veja como exemplo, Salmos 103:2-3; Marcos 2:3-12; Tiago 5:1520). O pecado de Adão imergiu o homem na pobreza e na falta, o fazendo trabalhar arduamente pela provisão (Gênesis 3:17-19), e a obra de Cristo trouxe ao homem provisão. Essa provisão não se reduz apenas às “necessidades básicas”, mas à restauração do domínio sobre tudo o que foi criado.

Em Adão, temos o “suor do teu rosto” como a exemplificação do esforço humano para obter o que precisa para sobreviver, mas, no jardim do Getsêmani – que ensaia o jardim do éden e sua queda – vemos Jesus suando gotas de sangue sobre a terra, a redimindo de seu estado antiprodutivo (Lucas 22:44). Agora, por meio da fé – não do mero esforço – o homem tem o direito de desfrutar do que é “bom e agradável” (Veja 2 Coríntios 8:9).

A interligação orgânica do cosmos também se reflete em uma direção positiva quando os autores bíblicos associam a salvação dos animais e da terra com a salvação dos humanos. Quando os humanos estiverem finalmente reconciliados com Deus e uns com os outros, até o deserto florescerá (por exemplo, Isaías 32:15–16; 35:1–2, 6; 41:18– 19; 51:3) e até mesmo o reino animal mais uma vez estará livre de violência (por exemplo, Isaías 11:6-9; 65:25). Da mesma forma, quando Deus faz uma aliança de paz com os humanos, também faz uma aliança com os animais e a terra (por exemplo, Gênesis 9:15; Oséias 2:18). Além disso, não são apenas os humanos que gemem enquanto esperam pela redenção. Toda a criação “foi submetida à inutilidade” (Romanos 8:20) por causa do pecado humano, e também “espera com grande expectativa pela revelação dos filhos de Deus” (Romanos 8:19). Claramente, a escravidão humana está ligada à escravidão de toda a criação e vice-versa, e é por isso que a libertação da humanidade está ligada à libertação de toda a criação.

Assim como depois do ato criativo Deus concede ao homem imperativos de domínio e poder para subjugar a terra, expandindo seu domínio na geração dos filhos humanos e físicos (Gênesis 1:26-27), depois de sua ressureição – trazendo a restauração de todas as coisas – Jesus comanda seus discípulos com autoridade para submeter todas as coisas criadas, trazendo-as ao seu estado original (Marcos 16:17-8; Lucas 10:19). Esse poder se reflete no domínio sob demônios, autoridade sob enfermidades, poder para libertação, além do claro comando para que os filhos espirituais se multipliquem através da pregação do Evangelho (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15-16)

É nisso que consiste a prosperidade bíblica e cristocentrica: a restauração de tudo o que foi perdido. É claro, somos chamados a desfrutar de algo a mais do que Adão tinha, mas nunca menos. A prosperidade bíblica consiste em ter plenitude, em todas as necessidades supridas (algo que vai além de um kit básico de pão e água), mas alcança todas as dimensões da vida humana. Todo suprimento necessário para essa época, onde podemos desfrutar de abundância a tal ponto que conseguimos repartir com nossos irmãos, ajudar os necessitados e auxiliar na missão do Evangelho.

Eliezer Oliveira
Eliezer Oliveira

Tenho 26 anos e sou diretor do Blog Vida Trocada, autor dos livros De Adão à Eternidade: a História da gloriosa salvação, Nada Além do Sangue e Hiper Graça: O Que Realmente Defendemos. Também sou autor e coautor de vários livros digitais. Sou professor do curso Universidade da Graça, Vida na Graça e Teologia com Graça, e também atuo como Escritor Fantasma para alguns ministérios. Atualmente estou cursando Teologia (ESTÁCIO), sou casado com uma escritora maravilhosa, amante da leitura e de um bom café.

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