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Negue a si mesmo! Devemos negar quem somos?
Negue a si mesmo!
Então disse Jesus aos seus discípulos: Quem quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me
(Mateus 16:24)
Com certeza você já ouviu isso enquanto estava sentado em um banco desconfortável na Igreja. Você pensou “a minha vontade é levantar e sair, esse banco tá quebrando a minha coluna“. No entanto, depois de ouvir do pastor que é preciso “negar a si mesmo” decidiu ficar sentado, pois reconsiderou, “eu preciso negar a mim mesmo – meu desconforto – e permanecer sentado.“
Os ministros que enchem suas pregações com o “negue a si mesmo” costumam defender que essa negação é uma negação do nosso “eu”. Esse “eu” é a nossa vida terrena e humana, que está imersa em pecados e dissoluções. Por isso, precisamos negar esse eu, ir contra as vontades e desejos pecaminosos e realizar a vontade de Deus.
O primeiro ponto que precisamos trabalhar aqui é:
O que é o “Eu”?
Não entrarei em detalhes e debates filosóficos em torno desse tópico. Porém, preciso destacar certos princípios para que possamos entender o que de fato é o “eu”.
Em nossa linguagem social e humana definimos o “eu” da seguintes formas: 1) O eu é o ser existente – que possui propriedades e faculdades de consciência e desejo. 2) O eu é o ser que age de forma prática no mundo – todo ser que tem ação. 3) O eu é o corpo físico. 4) O eu é uma pessoa com vontades, desejos, sonhos e vivências.
Se tivemos esses conceitos em mente ao analisarmos o texto bíblico que se refere a “negar a si mesmo“, cometeremos um erro clássico: não existe, em todas as definições que descrevi sobre o eu, uma descrição espiritual. Nenhuma das 4 definições tem em mente a realidade espiritual. Todas se referem apenas à mente e ao corpo. Sabemos que o homem, antes de ser um corpo e ter uma mente, é um ser espiritual.
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Logo, o que o homem é – a realidade do seu eu – é idêntico ao que Deus é. O que Deus é? Deus é Espírito (João 4:24). Portanto, o homem é um espírito.
Quando Adão pecou, o “eu” espiritual dele e de toda a sua descendência, nasceram mortos (Romanos 5:12). Paulo destaca que esse “eu” era uma natureza diabólica e pecaminosa (Efésios 2:2-3). Para que pudéssemos estar em paz com Deus e desfrutarmos de um relacionamento com Ele, esse “eu” precisava ser destruído e eliminado (Romanos 5:1).
Negar a si mesmo é negar o “eu’ espiritual
Vejamos o que a passagem sobre “negue a si mesmo” descreve:
Então disse Jesus aos seus discípulos: Quem quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me – (Mateus 16:24)
Perceba que Jesus, ao falar sobre “negue a si mesmo ” menciona antes “quem quiser vir após mim”, e logo depois para “tomarmos a nossa cruz” e o seguirmos. Jesus estava se referindo ao nosso eu espiritual, o qual deveria morrer para que desse entrada ao “eu” espiritual novo e perfeito.
Temos que carregar uma cruz e seguir Jesus – “quem quiser vir após mim” faz uma referência direta ao que se sucederia depois, a crucificação. Seguir até onde? Até a crucificação – onde o velho eu seria destruído. Sobre isso, Paulo destaca como o nosso velho homem (o nosso velho eu) foi crucificado com Cristo:
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte… Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado. – Romanos 6:6
Quantas vezes Jesus foi crucificado? Uma vez para sempre. Quantas vezes morremos para o velho eu, se fomos identificados com a Sua morte? Uma vez para sempre. Morremos com Ele para o nosso eu, e isso sim é a maior negação que poderíamos dar a nós mesmos. Rejeitamos nosso velho homem e aceitamos, pela fé em Cristo, a recepção de um novo eu. Sobre isso, Paulo faz uma das maiores declarações a respeito do nosso novo eu:
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. – 2 Coríntios 5:17
Não Negue, Lembre
Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? Não, por certo.
(…) Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?…Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. – 1 Coríntios 6:15, 19-20
Perceba que Paulo não pede para que eles neguem quem são, mas que se lembrem de quem são. Paulo procura lembrar esses irmãos que eles são templos do Espírito, e que são um com o Senhor. A nossa arma contra o pecado não é negarmos a nós mesmos, mas lembramos constantemente quem de fato somos. Somos justos e santos! (E Ele nos tornou Santos – Capítulo: Pecadores vestidos de santos?)
As Escrituras não nos convidam a viver a vida cristã com o “negue a si mesmo”, mas nos orientam para que lembremos a nós mesmos quem somos em Cristo. Somos Justos e Santos em Cristo, e agora somos chamados a vivenciar a realidade dessa identidade que recebemos. O nosso papel diário é expandir a consciência de quem somos nEle.
Mais Textos da Série: Justificação é um ato espiritual:
Maravilhoso!!!
Esse texto foi publicado um dia antes do meu aniversário!
Que presente… Eu amo ouvir sobre o Evangelho.
Obrigado a todos desse blog por se empenhar e por mostrar toda suficiência de Cristo e de Sua obra.
Muito bom o estudo!!!
Sempre pensei que negar a si mesmo seria negar a força da nossa carne , para adquirirmos o que Jesus já conquistou pra nós na cruz.
Eu entendo que tem o mesmo significado que João 3:3 “nascer de novo”.
Jesus faz da aqui uma condição
Negar a si mesmo = nascer de novo
(arrepender-se / metanoia/ converter-se)
Está passagem no meu humilde ver.
Tem aplicação direta para o evangelismo,
Como a Jo 3:3.
Se usada para pessoas são “convertidos”, tem um sentido indireto para confirmar o que ocorreu um dia.
Não fiz a exegese ou pesquisas e estudos teológicos da passagem.
Não vejo todo está ligação direta com as reunicias diárias a natureza pecaminosa “velho homem” que ainda habita em nós.
Que também são necessários e encontramos várias passagens para tal.
Achei seu comentário interessante.
Acredito que o Evangelismo precisa ser pregador e entendido a partir do todo das Escrituras, caso contrário, passagens como essa abrem margem para interpretações equivocadas e religiosas que apenas ressaltam as obras e esforços humanos. No caso de João 3:3, Jesus salienta que o novo nascimento é concedido pela fé. Tal ato é proclamado em todo o escopo do Evangelho de João (5:24; 6:47).
A respeito do velho homem/natureza pecaminosa, acredito que o próprio conceito defendido por Jesus nessas passagens e o nascer de novo deixa claro que não é possível ser salvo e ainda ter uma velha natureza.
Obrigado pelo comentário!