A Nova Jerusalém e a Aliança Eterna

O que você pensa primeiro quando ouve uma menção a Nova Jerusalém? Pensa numa cidade? Talvez a cidade de ouro puro com muralhas de pedras preciosas descrita em Apocalipse? Afinal, não há dúvidas de que a Nova Jerusalém é uma cidade. Mas existe um motivo para eu estar fazendo estas questões. Gostaria de chamar a atenção para outra descrição da Nova Jerusalém, dada por João, e que não é tão lembrada quanto deveria ser.

Então veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Venha, vou mostrar-lhe a NOIVA, A ESPOSA DO CORDEIRO. E ele me levou, no Espírito, a uma grande e elevada montanha e me mostrou A CIDADE SANTA, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. – Apocalipse 21:9-11a (Bíblia NAA)

Certamente, se você ainda não tinha se lembrado, lembrou agora que a Nova Jerusalém é descrita como a Noiva do Cordeiro. Se trata de uma referência à Igreja de Cristo (Marcos 2:20, João 3:29, Efésios 5:25-32). Isso significa que a Nova Jerusalém é uma representação da Igreja. Mas como é possível uma cidade representar a Igreja e por que isso é importante? Veremos tudo isso e mais um pouco no decorrer deste texto.

A Jerusalém terrena e a Nova Jerusalém celestial

Assim como João, Paulo em sua carta aos gálatas faz referência a uma Jerusalém diferente da terrena, uma que é celestial. Vamos ver o que Paulo fala sobre ela:

Digam-me vocês, os que querem estar sob a lei: será que vocês não ouvem o que a lei diz? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos: um da mulher escrava e outro da mulher livre. O filho da escrava nasceu segundo a carne; o filho da mulher livre nasceu mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas, porque essas mulheres são duas alianças. Uma se refere ao monte Sinai, que gera para a escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com os seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre e ela é a nossa mãe. – Gálatas 4:21-26 (Bíblia NAA)

Paulo também enxergou duas Jerusaléns. Uma terrena, que representa a antiga aliança da Lei, e uma celestial, que é a Aliança eterna da Graça. Paulo diz que a Jerusalém de cima é livre! Então eu aproveito para lembrar você, leitora ou leitor, que esta Jerusalém é a Igreja. Neste exato momento temos uma aliança celestial em vigor que nos faz livres!

Mas você pode então questionar, “esta Jerusalém não vai descer para a Terra só no final dos tempos? Como nós somos a Nova Jerusalém agora mesmo se ela está no céu ainda?”. O próprio Paulo responde esta pergunta na carta aos efésios.

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos — e juntamente com ele nos ressuscitou e com ele NOS FEZ ASSENTAR NAS REGIÕES CELESTIAIS em Cristo Jesus. – Efésios 2:4-6

É por isso que somos a Jerusalém celestial, porque entramos na Aliança da Graça e estamos assentados nas regiões celestiais em Cristo. Esta é a verdade da nossa salvação. Em espírito todos nós já reinamos com Cristo.

O Criador é o seu marido

No livro de Oséias, Deus manda que o profeta se case com uma “mulher de prostituições” e então compara a relação de Oséias com sua esposa Gômer à Sua relação com o povo de Israel. Nesta história, Gômer abandona Oséias e volta para a prostituição, mas Deus manda Oséias voltar a se casar com ela. E Deus diz que foi assim que o povo de Israel o tratou, quando se voltava para outros deuses, mas que Deus o amava o suficiente para se unir novamente a ele (história em Oséias capítulos 1, 2 e 3).

Deus se coloca nesta história como marido de Israel. Podemos entender que a antiga Jerusalém, a terrena, representa a aliança da Lei feita entre Israel e Deus, uma aliança que não foi sustentada. Ao invés de confiar no Senhor, o povo de Israel se voltava para as obras de suas mãos (os deuses). A humanidade caída por causa do pecado não conseguia sustentar um casamento com um Deus Justo. Mas graças ao nosso Pai pelo plano perfeito de Salvação! Ele mudou a nossa realidade.

Lá mesmo na Antiga Aliança, Isaías vê o Salvador e escreve sobre a redenção. O capítulo 53 do Livro deste profeta relata Jesus levando no corpo dEle nosso castigo, nossas doenças e nossas transgressões. Então, no capítulo 54, Isaías enxerga a transformação de Jerusalém. A cidade que estava abandonada, sem um salvador, agora tem um marido. A Noiva agora faz parte de uma aliança eterna.

“Não tenha medo, porque você não será envergonhada; não tenha vergonha, porque você não sofrerá humilhação. Você se esquecerá da vergonha da sua mocidade e não mais se lembrará da desgraça da sua viuvez.
Porque o seu Criador é o seu marido; Senhor dos Exércitos é o seu nome. O Santo de Israel é o seu Redentor; ele é chamado ‘O Deus de toda a terra’.” – Isaías 54:4,5 (NAA)

Jesus, o Santo, entra em cena para nos redimir! Antes Deus escondia a sua Face do Povo de Israel, por causa da natureza do pecado. Isaías vai descrever esta fase como um abandono de Deus. Mas este abandono não era uma desistência de Deus em relação à humanidade. Em Sua Natureza, Deus não pode ter relação com a natureza do pecado, por isso quando o povo não mantinha a aliança, Ele se afastava. Porém Deus não desistiu jamais. Ele mesmo proveu a Reconciliação com a humanidade. A Sua Misericórdia foi mostrada plenamente no sacrifício de Jesus.

“Porque o Senhor chamou você como se chama a mulher abandonada e de espírito abatido, como se chama a mulher da mocidade, que havia sido repudiada, diz o seu Deus. Por um breve momento abandonei você, mas com grande misericórdia tornarei a acolhê-la. Num ímpeto de indignação, escondi de você a minha face por um momento, mas com misericórdia eterna me compadeço de você”, diz o Senhor , o seu Redentor. – Isaías 54:6-8 (NAA)

Uma aliança eterna traz misericórdia eterna. Esta é a aliança que temos com Deus através de Jesus! E Isaías prossegue mostrando tamanha mudança nas alianças. Éramos filhos da Ira, afastados de Deus, mas o Filho trouxe a reconciliação. O Sangue de Jesus nos faz aceitáveis e irrepreensíveis!

“Porque isto é para mim como as águas de Noé: como jurei que as águas de Noé não mais inundariam a terra, assim jurei que não mais ficaria irado com você, nem a repreenderia. Mesmo que os montes se retirem e as colinas sejam removidas, a minha misericórdia não se afastará de você, e a minha aliança de paz não será removida”, diz o Senhor , que se compadece de você. – Isaías 54:9,10

Cristo é a nossa paz! Ele é a nossa confiança de que estamos numa aliança que não será removida.

Mas você deve estar se perguntando onde está a Nova Jerusalém nesta passagem. Afinal, eu disse que Isaías viu a transformação da antiga Jerusalém para a nova. Pois então vamos dar sequência ao capítulo, porque ele ainda traz tesouros para a gente.

“Ó cidade aflita, sacudida pela tormenta e desconsolada! Eis que eu assentarei as suas pedras com argamassa colorida e lançarei os seus alicerces sobre safiras. As suas torres serão de rubis, os seus portões serão de esmeraldas e toda a sua muralha será de pedras preciosas. Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor , e será grande a paz de seus filhos. – Isaías 54:11-13

Uau! Podemos ver ali a cidade aflita que se transforma numa cidade de pedras preciosas! Isso te lembra alguma coisa?

Os alicerces da muralha da cidade estão enfeitados de todo tipo de pedras preciosas. O primeiro alicerce é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o décimo primeiro, de jacinto; e o décimo segundo, de ametista. – Apocalipse 21:19,20

Isaías vê a glória da Jerusalém celestial! Ele não sabe, mas está vendo a manifestação da Igreja. Quando Jesus ressuscita ele gera uma Nova Cidade, com novos alicerces. Não mais uma cidade terrena que aponta para a força do homem caído, mas uma cidade construída na força de Cristo e por isso jamais será destruída. Mas segura aí que tem mais tesouro!

Você será estabelecida em justiça. Ficará longe da opressão, porque não temerá; ficará longe do terror, porque ele não chegará perto de você. Se alguém a atacar, isso não procederá de mim; mas quem a atacar cairá diante de você.” – Isaías 54:14,15

Sensacional! Vamos destrinchar esta parte. Primeiro ele diz “Você será estabelecida em justiça”. Ele não está falando de uma justiça terrena. Deus está falando aqui que a Igreja será firmada, colocada numa posição de Justiça (2 Cor 5:21; Rom 5:17). Ele segue dizendo que ela “Ficará longe da opressão, porque não temerá”. Isto remete ao Amor de Deus nos transformando e lançando fora todo o medo. Não temos mais medo de punição, porque conhecemos o Amor perfeito, que nos livrou da Ira (1 João 4:17-18; Rom 5:9). Não temos medo da opressão e perseguição que é característica da antiga Jerusalém. Estamos num lugar seguro! Tempos de terror não podem abalar a Igreja. Quando falo isso não falo da Instituição, mas do Corpo de Cristo.

Na seqûência Isaías escreve “se alguém a atacar”. Antes de concluir esta frase importantíssima, é bom pontuar que se você ainda tinha qualquer dúvida sobre este texto falar do tempo que vivemos aqui e não do fim dos tempos, esta dúvida encontra mais um grande obstáculo. Na consumação de todas as coisas, quando tivermos nosso corpo glorificado, a Igreja não receberá mais ataques, porque simplesmente não haverá mais inimigos para a atacarem. E agora a frase completa, “se alguém a atacar, isso não procederá de mim”. Uau!! A revelação do caráter de Deus mais uma vez presente. Sempre que ouvir alguém falando que Deus está te punindo, atacando, ferindo de alguma forma, lembre-se desta passagem. Isto é uma promessa que Ele cumpre! E Ele nos garante as vitórias sobre os ataques como vemos a seguir, “mas quem a atacar cairá diante de você”.

Impressionante a revelação que Isaías escreve! Desde o primeiro versículo até o último deste capítulo ele fala da diferença das duas alianças e da transformação completa que aconteceu depois da Obra da Cruz. Tenho convicção de que Paulo percebeu a mesma coisa, tanto que logo depois de falar da Jerusalém celestial, ele cita Isaías 54:1 (Ver Gálatas 4:26-27).

Espero que esta mensagem tenha alegrado a sua vida assim como a minha. É um renovo que reforça a segurança que temos na Salvação e no Caráter do nosso Deus. Somos uma cidade firmada nos céus, cujos alicerces não podem ser abalados. Somos a noiva do cordeiro e estamos numa aliança que é IMPOSSÍVEL de ser quebrada! Graças ao nosso Pai!

Lucas Almeida
Lucas Almeida

No final de 2015 fui tocado pela mensagem da Graça. De lá pra cá, Deus vem me ajudando a conhecer mais das riquezas do Seu Favor. Tenho prazer em poder escrever hoje sobre as Boas Novas de Cristo. Congrego na Nova Igreja da Barra - RJ, onde sigo aprendendo sobre a Graça, e sou graduando em Psicologia.

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